O recente apuramento para o Eurobasket da Lituânia foi um bom resultado para o nosso basquetebol e como tal, todos os amantes da modalidade devem valorizar a sua importância sentindo orgulho pelo facto de podermos estar a marcar presença numa prova internacional de reconhecido prestígio. Mas devemos ter cuidado em rever o contexto actual sob pena de estarmos a ficar iludidos com um sucesso pontual que não sendo bem aproveitado pode levar a nova queda da modalidade tal como aconteceu em 2007.
Com todo o mérito que tenha este apuramento devemos ter os pés bem assentes no chão e ter sempre presente que Portugal só chega ao Europeu devido ao alargamento propiciado pela FIBA que permitiu que a nossa selecção pudesse discutir este apuramento numa fase adicional. Nesse sentido, Portugal poderá chegar à Lituânia como a vigésima quarta selecção a ser classificada o que define bem o estado actual do nosso basquetebol. Por isso custa acreditar agora que o sr. presidente da FPB venha a público lançar dardos envenenados contra tudo e contra todos baseando-se neste feito para maquiar todos os erros de gestão acumulados durante os últimos anos. O certo é, que Mário Saldanha não aproveitou o "boom" do Euro2007 (quando Portugal se qualificou em condições normais sem fases adicionais e numa altura em que se apuravam menos equipas), a final da liga desse mesmo (excelente espectáculo mediático com pavilhões cheios), nem a saída de alguns valores para o exterior para relançar a modalidade a nível interno senão que pelo contrario começou a adoptar políticas erradas que conduziram ao basquetebol aos actuais níveis. Bem pode Saldanha agradecer a Mário Palma pelo excelente trabalho que desenvolveu com este conjunto de atletas. O basquetebol era claramente a segunda modalidade do pais, e foi-o até há pouco mais de uma década, quando esta federação deixou cair a liga profissional, as transmissões na TV e perdeu força para divulgar a modalidade concentrando-se em guerras intestinas que acabaram por afastar o basquetebol dos adeptos. Saldanha deveria estar mais preocupado por reconstruir a imagem do nosso basquetebol: dinamizando-o nas escolas e entre os mais jovens; protegendo o jogador português, facilitando a entrada nos jogos da liga, alterando a politica de captação e "scouting", divulgando o jogo através das transmissões na TV em canais abertos mas permitindo aos clubes negociar transmissões através de outros meios (cabo ou Internet), vitalizando o "merchandising" (para quando a venda de equipamentos da nossa selecção nas lojas de desporto?), fortalecendo a imagem da modalidade nos meios de comunicação, enfim fazer com que o basquetebol seja conhecido.
Oxalá que a presença no Eurobasket 2011, que começou por estar em dúvida, se transforme agora no dínamo que permita a esta modalidade crescer sustentadamente. O basquetebol português bem merece e agradece.
Saudações Desportivas
Nelson Amaral Duarte
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